Devemos ser castigados pelos erros? E pelos erros dos outros? Será que devemos castigar os outros pelos seus erros? E se algo mais importante como a felicidade estiver nos pratos da balança?
Será que devemos esquecer, fechar os olhos, dizer que estava demasiado bêbado e esquecer o assunto? E se não estávamos assim tão embriagados, e simplesmente quiséssemos que assim acontecesse? E se estávamos embriagados mas não de álcool? E se era isto que nós desejávamos? E se foram as circunstâncias que fizeram com que acontecesse?
E se a vergonha afinal não fosse vergonha, mas sim desilusão? E se o silêncio fosse um grito? Um grito ensurdecedor? Um grito que nos faz sangrar dos ouvidos, que nada consegue abafar, que viaja em torno da galáxia destruindo tudo e todos no seu caminho, mas nas suas viagens à volta da galáxia vai perdendo a sua força, sendo apenas uma pequena voz enterrada no fundo do nosso ser, que todos os dias é esquecida, para apenas ser relembrada meses ou anos depois? E qual o significado desta lembrança?
Mas e o momento? Que passado séculos, já não sabemos se foi real ou um sonho…
Mas eu sei que o momento foi real! Esse e todos os outros que o seguiram, foram todos reais, nenhum deles foi um sonho, eu estava acordado! Eu senti, cheirei o momento foi a extinção, a obliteração do tempo e do espaço, o momento é o ponto de foco. Tudo se dirige para esse momento perdido no espaço e tempo.
Mas será que foi um erro? Será que foi um prelúdio? Será que foi o catalisador? E se foi o destino?
E se eu me tivesse envolvido? Ou não? Ou se eu tivesse feito o certo? Ou o errado? O que é o certo? O que é o errado? A dúvida mantém-se!
E se tudo fosse diferente? Ou se tudo fosse igual, mas eu diferente, ou se tu fosses diferente? E se nós fossemos diferentes?
O amplificador está quase no máximo, os phones não distorcem, sinto o ar a mover-se dentro das almofadas, grita-me aos ouvidos: “I’m on the pursuit of happiness …. I’ll be fine once I get it, I’ll be good.”
E se eu não percebo? E se eu não chego lá? E se eu decido dedicar-me ao silêncio? E se eu me decido a gritar? E se decido ouvir esta voz na minha cabeça que me diz: “Esquece, diz que estavas bêbado. Não vale a pena!”? E se eu decido ouvir a outra que diz: “Não te metas nisso!”? Ou a outra que diz: “Arrisca!” Não consigo, o momento não me deixa.
Preciso da conclusão, preciso da definição do momento neste momento! Preciso de assistir ao fim dos tempos, à extinção final do momento, ao morrer do grito, ao morrer da vergonha e da desilusão, preciso! Preciso da resposta que não me é presenteada numa bandeja enfeitada, como se de ar se tratasse.
O som continua a gritar-me aos ouvidos, transformando-se em sinais eléctricos nos meus ouvidos que transmitem prazer ao meu cérebro, gritam alto, mas apenas o suficiente para eu me esquecer do momento e apenas o suficiente para para me concentrar no trabalho, mais um pouco de volume e o momento reaparece, e o trabalho desaparece..
Os dedos martelam furiosamente no teclado, talvez ansiedade, talvez ódio, talvez apenas trabalho, fazendo uma sinfonia no escritório vazio de paredes cinza e laranja enquanto me afogo no trabalho e em cigarros e o meu estômago se queixa que são horas de ir jantar..
E se simplesmente perdoássemos os nossos próprios erros? Será que resolvia o momento? Será que assistiríamos finalmente à sua morte, para sempre enterrada e em descanso para todo o sempre?
Um bem haja a todos…