Sonhar

Ontem sonhei contigo, estávamos no meu terraço encostados aos vidros à conversa com amigos, eu de mãos atrás das costas, e tu do meu lado esquerdo junto a mim enquanto conversava.

De repente, sinto a tua mão a entrelaçar-se na minha, à vista de todos, mas escondido de todos, não reajo imediatamente, paro, olho, escuto, como se algo fosse passar, mas tarde de mais, já tinha sido atropelado, um silêncio ensurdecedor instala-se, e tudo pára, o que foram 2 segundos, parecem minutos enquanto aperto levemente a tua mão, para garantir que és mesmo tu.

Olho para ti, e faço aquele sorriso parvo do costume, sabes, aquele que faço sempre que te vejo pela 1º vez, aquele que fiz da última vez que cá vieste, ao qual correspondes.

Oiço um barulho ensurdecedor, cíclico, que se repete de 2 em 2 segundos, abro os olhos, pego no telemóvel e desligo o alarme, sento-me na borda da cama, e levanto-me..

Um bem haja a todos..

Quero

Quero acordar,lightning_storm_by_night_fate_stock-d1lsxvk
desprovido de pensamentos,
e ansiedades…

Quero subir ao topo,
de uma montanha,
e deitar-me sobre
a tempestade,
vendo o espectáculo,
de luz e trovões,
a esvaziarem-me a alma.

Quero renascer,
no corpo de uma águia,
e voar livre das algemas da vida.

Quero adormecer,
encostado ao teu seio nu,
enquanto me afagas o cabelo,
e me sussurras palavras doces ao ouvido.

E depois acordar,
ao teu lado,
deslumbrado,
apaziguado e livre…

Quero algures no tempo,
fechar os olhos,
para não mais os abrir,
perdendo-me de vez,
neste universo infindável,
e nunca mais acordar,
ficando realizado
por completo este pequeno momento a que chamamos vida.

Um bem haja a todos..

Um acordar diferente

Acordo, sinto o leve cheiro a mofo no sótão, o peso das mantas pesa-me no corpo.

Um tímido raio de sol entra pela janela pequena que não oferece vista alguma. Deixo-me estar deitado e espreguiço-me… embriagado de sono, perco-me nos meus pensamentos..

Levanto a cabeça e olho em redor, nem viva alma, viro-me para o outro lado, e tento aproveitar mais uns minutos de sono… Oiço passos ao longe, conversa e galhofa… e deixo-me só com os meus pensamentos e letárgico e de olhos fechados…

Meio acordado, meio a dormir oiço barulho.. abro os olhos e espreito pelas mantas, o tímido raio de sol cega-me ligeiramente, vejo apenas uma figura alta que se dobra em torno da roupa, foco e fecho os olhos a medo, e até de respirar paro, tentando ficar o mais imóvel possível debaixo das pesadas mantas.

Tento ficar imóvel enquanto espreito por entre as mantas, e não vejo mais que o perfil e uma t-shirt a passar pela cabeça, foco-me nas feições, o nariz de tamanho perfeito, o queixo enquadrado, as sobrancelhas perfeitas, cabelo apanhado(?), e os lábios rosados acabados de acordar. Tento não racionalizar o que vejo, para não sentir culpa de ver o ser profundo, o ser a nu… analiso os pormenores do ajeitar, preparar e compor e ficar ainda mais bela como se nada fosse…

O tempo abranda, todos os movimentos perfeitamente sincronizados, o rodar do braço enquanto passas a mão pelo cabelo, pelo corpo a ajeitar as rugas deixadas pela roupa, uma perna esticada e a outra ligeiramente dobrada, o peito a encher-se de ar e de seguida a esvaziar, tudo o resto desaparece de cena. Verificas os últimos pormenores, o olhar para o espelho para a confirmação que tudo está onde deveria estar…

Fecho os olhos, e tento lembrar-me de tudo, para gravar de vez na minha memória todos os movimentos, todo o bailado e sinfonia envolvido no ritual, sinto-me envergonhado, vi algo belo mas que era proibido, mas como é que algo tão belo não pode ser permitido? Sinto-me culpado! Mas não consegui deixar de observar o ritual, de ver os pormenores que te tornam ainda mais bela.

Volto a abrir os olhos e estás sentada na ponta da tua cama, finjo que acordo e digo bom dia…

Um bem haja a todos..

Devaneios

Hoje fui ter com 2 casais amigos, que tiveram filhas há uns meses atrás… ainda não tinha conhecido as miúdas e antes que fosse convidado para o casamento delas sem as conhecer fui lá visitá-las…

E quando voltava para casa não podia deixar de pensar: “Se calhar deveria arranjar uma coisa destas…”

Arranjo uma tipa que seja capaz de me aturar, ponho-lhe um filho na barriga e logo se vê…

E depois penso num dos últimos sábados que tive… acordei eram 13 da tarde ( e deitei-me eram 2 da manhã ), saí da cama e fui para o sofá, e só saí do sofá eram 5 da tarde.. para ir tomar um banho e dar um salto ao Minipreço para comprar qualquer coisa para comer… e depois fiquei até às 4 da manhã ao computador a ver vídeos no Youtube, a ler posts em blogs e por aí adiante..

E como é lógico, no domingo voltei a fazer basicamente o mesmo…

Se calhar, pensando bem… eu até gosto dos meus sábados assim.. mortos, a bezerrar em frente da televisão como se não houvesse amanhã… cérebro completamente desligado de tudo o que se passa à minha volta.. sem pensar em biberons, e fraldas e companhias.. ou se calhar não…

Um bem haja a todos..

Afinal a liberdade de expressão não é para todos..

A bronca estalou, mas foi lá para os lados da Mozzila ( os que estão à frente do desenvolvimento do Firefox, para quem não sabe, e de mais umas coisas ).

É que dia 24 de Março, foi nomeado como CEO o Brendan Eich ( o criador do Javascript, vénia, ou pelo menos umas palmas ), no entanto dia 3 de Abril, já o rapaz se tinha demitido. E aqui é que entra a questão da liberdade de expressão à grande mesmo!

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Pelos vistos o senhor Brendan Eich, não concorda com o casamento Gay, e doou $1,000 para a “Propositon 8” ( aquela proposta para banir o casamento Gay na Califórnia ). E no momento em que se tornou CEO, ouve uma quantidade de comentários no Twitter a pedir a demissão dele por muitos trabalhadores da Mozzila.

Isto vindo de uma empresa que e passo a citar:

“Mozilla believes both in equality and freedom of speech. Equality is necessary for meaningful speech. And you need free speech to fight for equality. Figuring out how to stand for both at the same time can be hard.”

Então onde é que está a liberdade de expressão? Porque é que ele acreditar em algo que é diferente do que eu acredito é errado? Ele não tem direito à sua opinião? Pior, desde quando é que o que ele acredita afecta o trabalho que ele faz, ou afecta a sua relação profissional com o resto da malta da Mozzila? Estamos a falar de alguém que já deve ter falado com milhares de pessoas de todos os tipos e feitos, e que se ele fosse uma pessoa que misturasse o trabalho com a sua opinião pessoal de certeza que já se tinha notado…

Portanto, com que direito é que os trabalhadores da Mozzila, têm de pedir a demissão de alguém baseado na sua opinião sobre um assunto? Onde é que está a liberdade de expressão e a igualdade que eles tanto apregoam? Se eles não respeitam a opinião pessoal do novo CEO só têm de a respeitar, não é fazer beicinho e começar a pedir demissão dele.

Pior ele até fez um comunicado sobre o assunto, no entanto continuaram as críticas.

Até houve quem propusesse boicotar o Firefox por causa dele, WTF!?, isto não faz sentido nenhum.

Ultimamente, parece que quem tem uma opinião contra o que está na moda agora, merece ser completamente excluído de tudo, e pelos vistos também do trabalho. E se tens uma opinião diferente da minha não vales nada.. cada vez mais isto se parece uma ditadura do que uma democracia..

Mas afinal podemos acreditar no que queremos ou não?

E sim, mas ser gay parece que é moda agora, a sério, com as cenas que leio e vejo.. jasus.. faz-me cá uma confusão.. ( e perdoem-me aqueles que ficarão ofendidos com esta afirmação, mas sinceramente é o que me parece )

Em relação à minha opinião pessoal como um jovem heterossexual, não me interessa se um homem gosta de homens, se uma mulher gosta de mulheres ou se gostam de tudo ao molho e fé em deus ( como se eu fosse católico ), é preciso é a malta ser feliz, e pinar como se não houvesse amanhã.. é só isso que interessa.. a malta ser feliz.. querem casar? Casem para aí à vontade como se não houvesse amanhã! Querem adoptar? Adoptem à vontade! São felizes dessa maneira? Então sejam felizes.. nada mais interessa.

E atenção a minha opinião pessoal não influencia em nada no desempenho do meu trabalho, já trabalhei com malta homossexual e heterossexual e nunca se pôs isso em causa sequer..

Um bem haja a todos..

Os dois lados da cama

Tenho uma cama,
tem 2 lados.
Mas deveria ter só um…

Se sou só eu,
porque é que tem 2 lados?
Porque é que teimo,
em estar daquele lado?

Porquê não ocupar tudo?
Porquê, ficar sempre,
na beira?
É só minha,
não é de mais ninguém,
então porquê 2 lados?

Quando vieres,
terá apenas um lado.
O nosso lado.

Deixará de haver,
separação,
mesmo nos dias maus,
terá apenas um lado.

E será o nosso lado,
não o teu lado,
não o meu lado,
o nosso!

Um bem haja a todos..

Contrato de trabalho a paródia em várias cláusulas – Esclarecimentos

Depois de umas conversas no escritório durante o dia de hoje sobre este post, vou esclarecer umas quantas coisas que aparentemente não transmiti da melhor maneira..

Então vamos lá por os pontos nos i’s, como se costuma dizer..

Em relação ao trabalho de freelancer, o que eu considero ético é não fazer concorrência directa à empresa onde trabalho actualmente. Por exemplo, um potencial cliente contacta-me a mim, e à empresa onde trabalho, para mim, faz todo o sentido rejeitar o cliente com base que trabalho na empresa onde ele também pediu orçamento, portanto não será ético eu fazer orçamento à empresa ou aceitar tal projecto, e como é lógico o meu orçamento vai ser mais baixo que o da empresa, ficando plenamente em vantagem. No entanto também já aconteceu um amigo perguntar-me se eu podia fazer um trabalho freelancer, e eu passá-lo directamente à empresa, porque fazia sentido na altura. Porque já tinha muito no meu prato, ou porque simplesmente era um projecto grande e eu não tinha capacidade de o fazer no tempo que eles queriam ( devia ter pedido comissão, shame on me ).

Ao fim ao cabo, para mim o Freelancer é uma oportunidade para ganhar mais uns trocos, aprender alguma coisa que não posso aprender durante o dia de trabalho, porque há mais que fazer, e quem sabe um dia lançar-me numa coisa minha.

No entanto se uma empresa me contactar apenas a mim, fico de consciência tranquila, é uma opção que o cliente está a fazer, sabe que ao contratar um freelancer as coisas funcionam de maneira diferente do que contratar uma empresa.

Em relação ao uso do computador da empresa para consultar o email pessoal, ir ao Facebook e procurar trabalho e afins. Tendo em conta que estive a trabalhar numa agência de publicidade e agora estou a trabalhar numa empresa de desenvolvimento de software. Já vamos aos outros tipos de empresas.

Quando digo que não vejo mal nenhum em fazer qualquer uma destas coisas no local de trabalho, é da seguinte maneira. E vou dar o meu exemplo, email pessoal, tenho ligado o dia inteiro, vou ver algumas vezes durante a manhã principalmente porque combino regularmente almoços com o pessoal da faculdade e convém estar de olho nisso, por acaso hoje não tive tempo para ver da parte da manhã, simplesmente estava demasiado atarefado, e perdi a oportunidade para ir almoçar, eu e toda a gente que pelos vistos ninguém respondeu.

Facebook, está ligado o dia inteiro no computador do trabalho, quantas vezes lá vou? Boa pergunta? Sinceramente não sei, não conto as vezes.. serve principalmente para estar actualizado acerca das notícias do dia e para ver as Dieta do Ainanas ( se não sabem o que é googlem que vão descobrir ).

Eu posso fazer isto, porque o ambiente onde trabalho, é flexível para que tal aconteça, não se pode fazer isto em todos os trabalhos, onde é que já se viu um gajo ir na ambulância porque está doente e o enfermeiro no Facebook, a bater couro a uma amiga..

Procurar trabalho, se for procurar trabalho activamente, ou seja, andar a ver anúncios de ofertas de trabalho, pesquisar em sites de emprego, é algo que não considero ético, mas responder a um email para marcar uma entrevista não me parece nada de mal.

Responder a um email para marcar uma entrevista, para mim é a mesma coisa que atender um telefonema para marcar uma entrevista, a única coisa, é que no caso do telefonema, maior parte das vezes uma pessoa levanta-se e vai para uma sala ou coisa parecida. E quando uma pessoa pode responder, responde, não vai simplesmente quebrar a linha de pensamento para o fazer. Aliás telefonema é pior, porque a tendência é atender logo.

E uma curiosidade, noutra agência de publicidade onde trabalhei, uma empresa de recrutamento chegou a ligar-me para o escritório, para a linha do escritório mesmo, para falar comigo, a menina disse que era a minha tia e que queria falar comigo, então lá veio a recepcionista com o telefone na mão a dizer que a minha tia queria falar comigo. E eu com cara de parvo a olhar para ela, a dizer-lhe que era impossível a minha tia ter o número do meu trabalho, mas enfim..

Eu que sempre trabalhei em agências de publicidade e empresas de desenvolvimento de software ( onde se está minimamente à vontade ), o uso do computador da empresa para fazer este tipo de coisas parece-me perfeitamente normal, desde claro que não haja os tradicionais abusos.

Lembro-me perfeitamente quando o Farmville estava ao rubro, e na agência onde trabalhava, só quem não tinha Facebook, é que não jogava, chegava a uma determinada hora da manhã, e lá estava toda a gente no Farmville.

Agora vamos imaginar que eu trabalhava num banco ( como disse o meu chefe hoje de manhã enquanto discutíamos isto ), eu tenho um amigo (também programador ) que trabalha actualmente num banco, e usando a expressão que ele usa quando se refere ao seu local de trabalho, ele trabalha em Pyongyang, porquê, porque é um banco e eles têm de seguir regras de segurança extremamente restritas. No meu caso a coisa é completamente diferente, eu dificilmente abrirei um ficheiro com vírus através do meu email pessoal, eu e maior parte dos programadores que conheço ( não digo que não seja possível ), estou só a dizer que é difícil tal coisa acontecer. E a equipa com quem trabalho dificilmente fará isso, portanto usar estas coisas para trocar uns emails com uns amigos de vez em quando para combinar um fim de semana ou um almoço, usar o Facebook para bater o couro à tal miúda que gostamos, não faz mal nenhum desde que seja com conta pés e medida..

Neste caso a empresa protegia-se de forma altamente restritiva, no entanto nunca senti nenhuma das regras descritas a serem forçosamente aplicadas, à excepção de quando bloquearam o Facebook ( devido a certos abusos ), e no dia a seguir, virei-me para o meu chefe e disse-lhe, então como é que queres que eu continue a desenvolver o sistema de login integrado com o Facebook para o projecto da empresa X? ( É que na altura que bloquearam o Facebook estava mesmo a fazer a integração do login de Facebook com um site que estávamos a desenvolver ), ao que ele me respondeu, deixa-me só ir falar com o patrão para desbloquear isso, 5 minutos e já podes voltar ao trabalho.

Um bem haja a todos..

Contrato de trabalho a paródia em várias cláusulas…

Estava aqui de volta dos meus emails, limpezas e organizações e afins, o que melhor para fazer numa 4º feira à noite não acham?contrato de trabalho

E no meio dos email’s do banco ( quando andei a tratar do empréstimo para a casa ), está um contrato de trabalho, o que assinei no meu trabalho anterior.

E pus-me a ler o contrato que tem partes que são autênticas comédias, já na altura me ri um bocado com isto.. mas é na boa..

Uma coisa que me lembro perfeitamente é que o contrato estava sempre cheio de erros.. ora dizia contrato de 6 meses, ora dizia contrato de um ano, depois de muitas trocas e baldrocas é que ficou tudo certinho, no entanto a cópia que me enviaram ainda faz referência aos 6 meses nalguns sítios:

2.1. O presente Contrato é celebrado pelo período de 1 (um)  no, com início em 06 de Dezembro 2010 e termo a 05 de Dezembro 2011.

2.2. O presente Contrato é estabelecido pelo prazo fixado na cláusula anterior ao abrigo da alínea f), do número 2 do artigo 140.º do Código do Trabalho, ou seja, com vista a dar resposta a uma necessidade pontual da Entidade Empregadora provocada pelo acréscimo excepcional da sua actividade, o qual se consubstancia na angariação de vários Clientes que solicitaram a prestação de serviços à Entidade Empregadora e prevendo que os referidos serviços não ultrapassem os 6 meses pelo qual se celebra o presente contrato.

Adoro a parte do provocada pelo “acréscimo exceptional da sua actividade”, adoro esta frase, porque é mesmo a cena da empresa a fugir com o rabo à agulha.. que é só rir..

A seguinte é dolorosa, mas é mesmo assim:

7.6. A Entidade Empregadora reserva para si a opção de, contra o pagamento ao Trabalhador da quantia correspondente à respectiva remuneração base mensal e pelo período de até dois anos após a cessação do Contrato, impedir o Trabalhador de exercer actividade profissional, por conta própria ou de outrem, que possa ser considerada como concorrente à da Entidade Empregadora, designadamente, na qualidade de trabalhador, prestador de serviços, sócio, gerente, ou, por qualquer modo, representante de entidade concorrente da Entidade Empregadora.

Jasus, eles podiam-me me impedir de trabalhar durante 2 anos após eu apresentar a minha demissão. A pagarem, mas mesmo assim, jasus.. que abuso… ou seja matam um gajo profissionalmente cá de uma maneira que até mete medo ao susto..

A seguir vem: “POLITICA DE CONFIDENCIALIDADE E PACTO DE NÃO CONCORRÊNCIA”

c) Obriga-se a não exercer, durante a vigência do presente contrato, qualquer outra actividade profissional, remunerada ou não, que seja directa ou indirectamente concorrente da PRIMEIRA OUTORGANTE;

Na altura que fiz o contrato, disse logo ao meu chefe, e Director da minha área, que isto não podia ser, que iria continuar a trabalhar em freelancer e a desenvolver sites. Ao que ele me disse para não ter problemas..

Só para finalizar:

Outras Actividades Proibidas – O e-mail e a Internet da empresa não deverão ser utilizados para transmitir correspondência considerados sem interesse “junk mail”, cartas em cadeia “chain letters”, para fazer “spam”, enviar mensagens iguais ou substancialmente similares que sejam enviadas a um vasto leque de destinatários, ou “pyramid schemes” de qualquer género, ou fazer o “download”, jogar ou instalar jogos. De acrescentar que os recursos tecnológicos existentes não deverão ser utilizados para procurar trabalho fora da empresa ou para desenvolver e/ou perseguir oportunidades de negócio, fora da empresa.

Epá estamos, no século XXI, isto é algo impensável. Este contrato de trabalho neste ponto falha redondamente. Não estou a dizer que procurar trabalho no actual local de trabalho seja algo ético ( não é muito, mas há maneiras de fazer as coisas, e maneiras de fazer as coisas ), não estejam a enviar o CV quando o vosso chefe se senta ao vosso lado ( dependendo do chefe é claro ), mas num mundo onde está tudo online ( principalmente na minha área ), é impossível não utilizar os recursos da empresa para procurar novo trabalho. Aliás enquanto estava neste trabalho, fiz uma entrevista de trabalho à hora de almoço numa das salas de reuniões através de Skype.. tinha de ser, ou isso ou não fazia a entrevista. Ou seja oportunidade perdida… não podia ser.. e não prejudiquei ninguém quando fiz a entrevista por Skype na sala de reuniões à hora de almoço.. eu diria que enquanto estiverem bem com a vossa consciência não há problema.. mas como à pessoal que não tem grande ética e grande honra nestas coisas.. eu não digo nada..

Informação confidencial – Para efeitos do presente acordo, entende-se como confidencial, nomeadamente, toda a informação referente a programas das empresas integrantes do grupo a que pertence a Primeira Outorgante, bem como, partes integrantes desses programas, segredos de empresa, procedimentos de desenvolvimento e implementação de produtos ou serviços, Know-how, estrutura interna, organização empresarial, planos de negócios, tecnologia, preços, vendas e, em geral, toda a relativa à empresa, seus empregados e seus clientes, que não esteja posta à disposição pública, e à qual tenha acesso em virtude do seu vinculo laboral com a Primeira Outorgante.

Aqui neste ponto há uma coisa que me confunde, eu levei “Know-how” para empresa, aliás fui eu que finalmente pus um source control a trabalhar e consegui um servidor de testes, isto é procedimentos de desenvolvimento e o magnífico “Know-how“, e é meu não é da empresa.. fui eu que o levei para lá… eu emprestei-o à empresa..

Isto não é um hate-post nem nada do género, gostei de trabalhar nesta empresa durante 1 ano e meio, teve partes bastante divertidas, teve partes completamente horríveis, foi o único sítio onde por por pouco não partia a cara a outra pessoa que lá trabalhava.. ( e eu sou um gajo super pacífico )… A saída poderia não ter acontecido, mas era complicado não acontecer devido a várias condições. Um dia conto a história da conversa que tive quando fui renovar o contrato, que dá vontade de rir, na altura não deu, mas agora já dá..

Uma coisa que noto, é que este contrato não está preparado para a realidade onde vivemos, se calhar era apropriado em 2005 ou coisa parecida, mas em 2010, já não se adequava de maneira nenhuma. Mas enfim as coisas são mesmo assim..

Será que há muitas empresas ainda com contratos de trabalho assim? No sítio onde estou, o contrato era algo muito simples. As cláusulas normais, quanto vou ganhar, quanto tempo é, direitos, deveres etc etc… coisa simples rápida e eficaz, com 2 folhas, embora o chefe esteja sempre a gozar comigo e diz sempre que tem mais uma terceira folha com o que ele quiser.

É que na minha empresa ( salvo seja ) eu sou o Sindicalista de serviço, mas não recebo nada por isso. Tenho que dar uma palavrinha ao chefe sobre isso.. que isto assim não pode ser..

Um bem haja..

Erros

Devemos ser castigados pelos erros? E pelos erros dos outros? Será que devemos castigar os outros pelos seus erros? E se algo mais importante como a felicidade estiver nos pratos da balança?

Será que devemos esquecer, fechar os olhos, dizer que estava demasiado bêbado e esquecer o assunto? E se não estávamos assim tão embriagados, e simplesmente quiséssemos que assim acontecesse? E se estávamos embriagados mas não de álcool? E se era isto que nós desejávamos? E se foram as circunstâncias que fizeram com que acontecesse?

E se a vergonha afinal não fosse vergonha, mas sim desilusão? E se o silêncio fosse um grito? Um grito ensurdecedor? Um grito que nos faz sangrar dos ouvidos, que nada consegue abafar, que viaja em torno da galáxia destruindo tudo e todos no seu caminho, mas nas suas viagens à volta da galáxia vai perdendo a sua força, sendo apenas uma pequena voz enterrada no fundo do nosso ser, que todos os dias é esquecida, para apenas ser relembrada meses ou anos depois? E qual o significado desta lembrança?

Mas e o momento? Que passado séculos, já não sabemos se foi real ou um sonho…

Mas eu sei que o momento foi real! Esse e todos os outros que o seguiram, foram todos reais, nenhum deles foi um sonho, eu estava acordado! Eu senti, cheirei o momento foi a extinção, a obliteração do tempo e do espaço, o momento é o ponto de foco. Tudo se dirige para esse momento perdido no espaço e tempo.

Mas será que foi um erro? Será que foi um prelúdio? Será que foi o catalisador? E se foi o destino?

E se eu me tivesse envolvido? Ou não? Ou se eu tivesse feito o certo? Ou o errado? O que é o certo? O que é o errado? A dúvida mantém-se!

E se tudo fosse diferente? Ou se tudo fosse igual, mas eu diferente, ou se tu fosses diferente? E se nós fossemos diferentes?

O amplificador está quase no máximo, os phones não distorcem, sinto o ar a mover-se dentro das almofadas, grita-me aos ouvidos: “I’m on the pursuit of happiness …. I’ll be fine once I get it, I’ll be good.”

E se eu não percebo? E se eu não chego lá? E se eu decido dedicar-me ao silêncio? E se eu me decido a gritar? E se decido ouvir esta voz na minha cabeça que me diz: “Esquece, diz que estavas bêbado. Não vale a pena!”? E se eu decido ouvir a outra que diz: “Não te metas nisso!”? Ou a outra que diz: “Arrisca!” Não consigo, o momento não me deixa.

Preciso da conclusão, preciso da definição do momento neste momento! Preciso de assistir ao fim dos tempos, à extinção final do momento, ao morrer do grito, ao morrer da vergonha e da desilusão, preciso! Preciso da resposta que não me é presenteada numa bandeja enfeitada, como se de ar se tratasse.

O som continua a gritar-me aos ouvidos, transformando-se em sinais eléctricos nos meus ouvidos que transmitem prazer ao meu cérebro, gritam alto, mas apenas o suficiente para eu me esquecer do momento e apenas o suficiente para para me concentrar no trabalho, mais um pouco de volume e o momento reaparece, e o trabalho desaparece..

Os dedos martelam furiosamente no teclado, talvez ansiedade, talvez ódio, talvez apenas trabalho, fazendo uma sinfonia no escritório vazio de paredes cinza e laranja enquanto me afogo no trabalho e em cigarros e o meu estômago se queixa que são horas de ir jantar..

E se simplesmente perdoássemos os nossos próprios erros? Será que resolvia o momento? Será que assistiríamos finalmente à sua morte, para sempre enterrada e em descanso para todo o sempre?

Um bem haja a todos…

Quinta da Saudade

Foi numa noite de Outono, que nos pusemos a caminho,
por entre as estrelas,
seguindo a caminho do Minho..

Chegados a Darque,
estafados,
logo fomos presenteados,
com um malga de tinto.

Perante um pedaço,
de história com 101 anos,
cada passo,
era um trespasso..
A história,
não dava escapatória,
os quadros gelados,
lembram a vida de outros tempos.

Vindimar,
entre conversas,
aranhas e formigas,
e a meio parar,
para merendar.

Mais vindimar,
para depois regalar.

Almoço, feijoada à transmontana,
sim porque vindimar,
dá fome,
fome de comida,
e fome de vinho.

Hora de pisar,
acompanhados,
por uma guitarra,
e canções tradicionais,
o engaço enrolado,
nos dedos,
e as pernas tintas.

E chega a hora da despedida,
entre beijos,
abraços,
o pinheiro gigante,
desaparece ao fim de umas curvas..

Obrigado à família Borges pelo magnífico fim de semana.

Fotografia do cata vento da autoria de Carlos Silva